quinta-feira, 20 de agosto de 2015

Anabolizantes: porque eles fazem você ‘crescer’ mais rapidamente?

 Conquistar músculos volumosos é o sonho de muitos que pegam pesado nas academias. Para que a musculação apresente resultados, a paciência é tão necessária quanto  a dedicação e a disciplina da pessoa.
   Esteroides anabolizantes se mostram então como alternativa para quem visa efeitos imediatos. "Devido à dose extra de hormônios, o metabolismo celular aumenta, surge o inchaço e os exercícios intensos provocam hipertrofia muscular", afirma a cardiologista Luciana Janot, cardiologista do Hospital Albert Einstein.
   Doses fisiológicas de testosterona e seus derivados, como aquelas empregadas em homens com hipogonadismo (insuficiência de produção de testosterona), não exercem os efeitos desejáveis por homens normais. Por isso, quem abusa de anabolizantes é obrigado a aumentar as doses para atingir o efeito desejado.
   Dosagens mais elevadas provocam ainda euforia e resistência à fadiga, facilitando a realização de exercícios mais vigorosos, o que colabora decisivamente para hipertrofia da musculatura. Cabe destacar que, se a pessoa sobrecarrega o peso da atividade física (motivada também pela ilusão de estar mais forte), poderá ter lesões.  Assim, é importante ter em mente que os músculos do usuário de anabolizantes não ficaram mais fortes, mas inchados, uma vez que o aumento das fibras advém do  acúmulo de líquidos e não do exercício.
   Além disso, o abuso dessas substâncias provoca distúrbios comportamentais, endócrinos, cardiovasculares, hepáticos e musculoesqueléticos. Conheça alguns deles:

- Cardiovasculares - Com a dosagem extra de hormônio circulando na corrente sanguínea, o músculo cardíaco pode ser vítima de fibroses, devido ao aceleramento do metabolismo;

- Câncer hepático - O fígado, por ser responsável pela metabolização de todos os medicamentos, acaba sendo sobrecarregado com a alta dosagem de hormônio no corpo e pode falhar - nem sempre as enzimas são suficientes;

- Colesterol - O endocrinologista Tércio Rocha, da Academia Brasileira, explica que essa sobrecarga no fígado também pode causar um aumento na produção de enzimas, o que faz o órgão produz mais colesterol ruim (o LDL) do que o bom (HDL). Isso ocorre porque a gordura se acumula nas paredes das artérias do coração e do cérebro - por isso, as veias entupidas podem causar derrame e acidente vascular (AVC);

- Problemas de fertilidade no homem – “Com altas doses de hormônio, os testículos perdem a capacidade de produzir testosterona, efeito que pode ser temporário ou permanente, dependendo de cada caso", segundo o endocrinologista Filippo Pedrinola, da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM). A inibição da testosterona também pode levar à impotência. "Os anabolizantes provocam bloqueios numa glândula chamada hipófise, que é a glândula que controla a fabricação de testosterona. Com isso, o homem pode entrar em um estado chamado de hipogonadismo, ou seja, a falta do hormônio masculino".  Nessa situação, há perda ou diminuição do desejo sexual, além de prejuízo na qualidade e na capacidade de ereção (disfunção erétil);
- Desequilíbrio hormonal - O excesso de testosterona no organismo desequilibra o sistema hormonal de homens e mulheres. No caso delas, há aumento da produção de pelos, engrossamento da voz, aparecimento do pomo de adão (popularmente conhecido como ‘gogó’) e hipertrofia do clitóris, dificultando o prazer sexual. Os homens sofrem com a perda da libido e observam o aparecimento de mamas. “Em alguns casos, somente o procedimento cirúrgico é capaz de reverter o quadro”, afirma Jomar Souza, presidente da Sociedade Brasileira de Medicina do Exercício e do Esporte (SBMEE).  Além disso, o uso de anabolizantes provoca alterações na tolerância à glicose e que podem desencadear quadros de diabetes em indivíduos predispostos;
- Pele com acne - O endocrinologista Tércio Rocha explica que a ação anabólica causa hipertrofia também nas glândulas sebáceas, responsáveis pela oleosidade natural da pele. "Quanto maior for o uso de esteroides, maior será a oleosidade da pele e consequentemente as chances de surgimento de acne", afirma;

- Problemas de crescimento - "Em adolescentes, o excesso de testosterona atrapalha o crescimento e acelera puberdade, prejudicando o seu desenvolvimento", afirma o endocrinologista Filippo Pedrinolla. Durante a década de 1950, essas substâncias foram estudadas como agentes promotoras de crescimento, mas suas propriedades virilizantes tornaram o uso clínico inviável.

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