Enxaqueca é uma doença
neurovascular que se caracteriza por crises repetidas de dor de cabeça que
podem ocorrer com uma frequência bastante variável: alguns pacientes apresentam
poucas crises durante toda a vida, enquanto outros relatam diversos episódios a
cada mês. Uma crise típica de enxaqueca é reconhecida pela dor que envolve
metade da cabeça, piora com qualquer atividade física e está geralmente
associada à náusea, vômitos e desconforto com a exposição à luz e sons altos,
podendo durar até 72 horas. Um conjunto de sintomas neurológicos, chamados de
aura, costuma acompanhar o quadro de dor.
Aura se apresenta
geralmente um pouco antes da dor de cabeça, sendo a do tipo visual a mais
comum. Pode se apresentar como flashes de luz, como falhas no campo visual ou
imagens brilhantes em ziguezague. Outros sintomas neurológicos são mais raros.
A enxaqueca é uma
doença muito mais comum do que se imagina. Estudos mostram que o mal chega a
afetar cerca de 20% das mulheres e 5 a 10% da população masculina. Trata-se de
uma doença crônica de alto custo pessoal, social e econômico. Entretanto, é
subestimada como uma dor de cabeça simples, afastando a possibilidade de
tratamento com medicamentos específicos.
Nem sempre o
paciente apresenta todos os sintomas típicos de enxaqueca, mas um médico é
capaz de detectar a doença pelo quadro clínico. A avaliação médica é
fundamental para excluir outras causas de dor de cabeça, antes de iniciar o
devido tratamento.
Fatores
desencadeantes são estímulos capazes de determinar o surgimento de uma crise de
enxaqueca nos indivíduos predispostos. Para cada paciente os estímulos variam,
mas os mais comuns são:
- estresse;
- sono prolongado;
- jejum;
- traumas cranianos;
- ingestão de certos alimentos como chocolate, laranja,
comidas gordurosas e lácteas;
- privação da cafeína, nos indivíduos que consomem grandes
quantidades de café durante a semana e não repetem a ingestão durante o fim de
semana;
- uso de medicamentos vasodilatadores;
- exposição a ruídos altos, odores fortes ou temperaturas elevadas;
- mudanças súbitas da pressão atmosférica, como as
experimentadas nos voos de grandes altitudes;
- alterações climáticas;
- exercícios intensos;
- queda dos níveis hormonais que ocorre antes da
menstruação.
A identificação de
possíveis fatores desencadeantes das crises é fundamental para obter um efetivo
controle da doença. Algumas dicas preventivas para o aparecimento de novas
crises são:
- distribuir adequadamente a carga de trabalho, evitando
acúmulo no escritório e o estresse de levar trabalho para casa;
- evitar estender o sono além do horário usual de acordar;
- evitar fadiga excessiva;
- alimentar-se em
horários regulares e não “pular” refeições;
- eliminar os alimentos identificados como desencadeantes
das crises;
- reduzir a ingestão de café e chá;
- evitar o uso de analgésicos sem supervisão médica;
- evitar exposição a luzes, ruídos e cheiros fortes;
- não praticar exercícios físicos em dias muito quentes.
As crises podem ser
classificadas em três níveis, de acordo com a capacidade da doença em
comprometer a realização de atividades do cotidiano: as leves não interferem,
as moderadas interferem e as graves incapacitam o paciente a realizá-las.
As crises leves
muitas vezes se resolvem com medidas simples como sono ou repouso. Já as crises
moderadas e graves devem receber tratamento medicamentoso, orientado por um
médico.